Sim, Eu Cresci e Você Não Aceita



Daí você percebe que todos, inclusive seus irmãos cresceram.
Descobre que antigas brincadeiras e hábitos foram esquecidos.
Você mantém conversas longas e inteligentes consigo mesmo quando está no quarto ou durante o banho.
Observa como sua vida está monótona, vazia, desanimada e faltando algo.
Fica horas, minutos e segundos olhando para o nada tentando encontrar respostas para uma única questão que não sai da cabeça: “Parei no tempo?”.
Porque valorizo conversas com amigos imaginários que faziam minha história ter sentido, não era família feliz que recriava, mas uma família com qualidades e defeitos.
Tinha amores que não se perdiam com o tempo. Que por mais que não estivessem juntos eram cúmplices da amizade.
Lembro-me de passar o dia cantando quase sempre as mesmas canções favoritas. Também me lembro de dividir a voz principal do backing vocal. De harmonias improvisadas, de um grande show sem plateia.
Páginas e mais páginas de composições. Arquivadas em gavetas junto ao sonho de me tornar historiadora.
Pedaços de frases, fotos em toda parte e um coração partido.
Mal acordo pela manhã e sinto meu coração se despedaçar. Tem algo morrendo devagar, é como se o Sol derretesse em câmera lenta.
É uma dor que não cessa, não para, não me deixa. Aonde quer que eu vá ela aparece e rouba a alegria. É como estar se divertindo muito e de repente sentir uma solidão deslocada.
Não tenho ninguém pra desabafar. Estas linhas me permitem descrever uma fagulha do que se passa em minha mente e não consigo pôr pra fora.
Ser fã de séries, ouvir qualquer estilo de música, amar livros, organizar tanto meu tempo quanto meu quarto, gostar de videogame, curtir doces, guardar cartas, comprar filmes e chorar até pegar no sono... Isso me torna despreparada para o futuro ou infantil?
Tenho a sensação de que quando falam comigo, veem uma criança. Acham que não entendo que seres humanos precisam sobreviver lutar, conquistar e ultrapassar limites todos os dias. Sei que a vida não é um conto de fadas, muito menos um mar de rosas.
Não sou frágil a ponto de não suportar.
Queria sentir a magia do natal, celebrar um novo ano, rir de verdade, abraçar de saudade, gritar no alto da montanha, chorar de felicidade, ser bem vinda aos lugares e ter em quem confiar.
O espelho mostra tudo o que venho tentando evitar nesses últimos anos.

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