A uma Grande Amiga e Prima (In memória)



Nunca soube lidar com o fato de não estar mais aqui.

Desde muito cedo tive que aprender com a dor, angústia e o medo. Só não sabia que esse seria o começo doloroso da minha vida.

Você se foi sem aviso prévio. Não tive tempo de me despedir.

Flashes memoráveis me acompanham por todo lugar que vou. Durante um tempo ir pra escola, brincar na rua, ouvir músicas, cantar engraçado já não estavam em meus planos.

Vi-me sozinha, perdida e deixada de lado com um vazio que só eu parecia sentir. E ele não desapareceria rápido. Eu teria que aprender a lidar com aquele sentimento ou ele me dominaria (como tem feito por todos esses anos!).

Você, a pessoa inteligente, alegre, infantil e inesquecível havia me deixado sem um “adeus” ou “até a próxima”.

Há 20 anos tentando dominar essa dor que insiste em se manifestar nos momentos difíceis.

Algo me foi tirado e não sei recuperar essa perda.

Sua juventude foi levada assim como seus sonhos e aspirações. Não teve chance de viver como planejou.

Não teve seu primeiro amor, o primeiro beijo, amizades duradouras, crises adolescentes, e a tão sonhada vida adulta estável do qual sempre falávamos.

O destino se antecipou e trocou nossas vidas. Bagunçou tudo aqui dentro e fora. Levou a que mais queria viver.

Por que ao menos não me deixou com uma lembrança boa? Porque tenho que conviver com a pior? Não posso aceitar esse adeus.

Por que ficou com toda a dor? Por que partiu tão cedo? Por que você?

Em meio a toda essa desordem que tenho vivido... Eu merecia seu lugar, não sou forte, tenho jogado minha vida no lixo, deixando tudo escorrer pelo ralo. Tenho me matado aos poucos todos os dias na garantia de nos encontrar mais uma vez.

Falar de você, sobre você e ver sua fotografia é chorar baixinho até pegar no sono. É sentir que sua imagem está desaparecendo da memória e forçar lembrar-se dos pedaços que faltam. É não ter resquício algum de sua existência. É como se todos os registros fossem apagados pra ter certeza que você nunca esteve aqui. Ainda tento me convencer de que tudo não passou de um mal entendido e que está em algum lugar, sei lá, estudando ou tendo um dia corrido no trabalho. Sempre na esperança de que volte pra casa com um largo sorriso e abraços intermináveis.

É uma fantasia. Mas é o que me mantém sorrindo e acreditando que tenho uma segunda chance de viver e ser diferente. E aproveitar o tempo que me foi emprestado. Você me deixou seus sonhos e o poder de acordar todas as manhãs. 
 (Felicidade é nada mais que que boa saúde e memória ruim - Albert Schweitzer).

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