Desabafo
Recebi uma mensagem no qual dizia: “Estou com saudade. O que
houve? Você sumiu!”.
Não, eu não sumi. Você que não teve trabalho em me procurar e
saber como estou. Estou morando na mesma casa, no mesmo endereço, com as mesmas
pessoas.
Você tem meu número de telefone caso queira manter contato. Tem acesso à internet caso precise me contatar pelas redes
sociais. Tem o endereço se quiser enviar uma carta.
Deve estar em um momento difícil, pra se lembrar de mim. Já que os
(as) amigos (as) de balada estão desanimados (as), o dinheiro escasso e
companhia são raros. Por mais pessoas que estejam ao seu redor deve estar se
sentindo sozinho (a) e desejando ter alguém pra desabafar.
Geralmente sou o saco de pancadas, o deboche, o motivo de piada
em grupo. Sou aquela em que você desconta suas frustrações, irresponsabilidades
e esfrega na cara tudo o que conseguiu. Põe-me pra baixo e isso é lisonjeador
pra você já que precisa se vangloriar e ironizar da queda alheia, ou seja, a
minha!
Sou pra você, a pessoa que serve de consolo, ombro amigo,
conselheira, engraçada e inteligente, mas sei que sirvo pra tudo isso quando
seus amigos lhe deixam de escanteio.
Você não se lembra de mim: na balada, na igreja, no trabalho ou
em uma viagem. Também não coleciona momentos ao meu lado. Perceba que não temos
uma foto sequer juntos (as).
Muitos alegam falta de tempo, mas não justificam a falta de
interesse.
Há dias em que uma conversa bastaria, pra matar saudade e fazer
uma social. Mas vejo que as pessoas tem medo de aproximação, amizade e carinho.
Estão tão preocupadas em lucrar e retorno satisfatório que se esquece de viver
os amigos, a família e principalmente a vida. Esquece até mesmo da saúde.
Sabe? A vida é um ciclo interessante: Você pode vestir a camisa
da empresa, mas não adoeça, ou terá outro em seu lugar na manhã seguinte!
Meus Amigos eram as pessoas mais importantes em minha
trajetória. Era em quem confiava meu verdadeiro “eu”. Não tinha truques.
Buscava agradar sempre e da melhor forma possível. Queria que sentissem bem ao
meu lado e especiais, pois era assim que os via.
Exato! Num passado não muito distante. Acostumei a ficar sozinha
com meus pensamentos e paranoias. Vejo que esse sentimento de cumplicidade e
carinho vem somente de mim. É dar sem receber. É esperar eternamente, por algo
que não será compartilhado.
Uma hora, você se cansa de se importar, de procurar, de pedir
atenção e aí, somente aí... A outra pessoa começa se aproximar, porque não
admite que se afastou por bobagem. E não aceita sua felicidade sem ela.
Muitas vezes o afastamento é movido por uma besteira: falta de
dinheiro, falta de assunto (o que é raro), interesse amoroso por uma das
partes, trabalho excessivo, morar longe, perda de um ente querido ou morte da
própria pessoa.
Não sou exigente, mas é que quando amigos se afastam, o natural
é nada mudar ao se reencontrarem. Mas infelizmente, muda. E fica desconfortável
para ambos.
Então, pra finalizar, disse quase tudo o que queria nessas
linhas, mas o essencial é: Não vamos fingir uma amizade que não temos. Pule
essa falsidade do “Oi, tudo bem?”, “Tá trabalhando?”, “Tá namorando?”. Você não
quer respostas. Quer saber quando a obrigação de perguntar acaba.
São perguntas automáticas que não merecem resposta
significativa.
Respondi sua pergunta? Quando preciso nunca está perto nem para
oferecer uma palavra de consolo.
(obs.: Aos meus leitores e seguidores peço sinceras desculpas,
porém tenho que responder, pois é assim que me sinto com relação as pessoas que
se dizem próximas a mim!)
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