Sobre Meu 2017 por Rapha.B

Fui marcada por 2017 de forma brusca. Muitos acontecimentos ruins em um só ano. Nem acreditava que sobreviveria até aqui.
Não é fácil abandonar tudo. Minha vida era um castelo de cartas e deixei desabar por descuido. 
Sei que não posso lamentar a perda, tendo em vista que permiti. Porém, é doloroso perceber o quanto me entreguei e não enxerguei o óbvio.
Projetos ficaram de escanteio, sonhos foram abandonados, expectativas demais e realidade de menos, lágrimas em demasia, enfim, me perdi totalmente. Nem sabia quem era, perdi não só a alma como também minha essência.

Pra acabar com a dor que sentia e não podia explicar, tentei suicídio duas vezes. A ponte tem sido uma amiga. Não me importei com o nível da água, nem a quantidade de pedras. Só queria matar o que me matava.

É cansativo demais ter que explicar milhares de vezes o que se passa dentro da cabeça naquele momento. Apenas posso dizer que não desejo o sentimento CULPA a ninguém. Não faz ideia de como ela pode destruir um ser humano. Por completo.
Entrei na onda da medicação e terapia. Somente os remédios e minha consciência não estavam dando conta. É muito pra assimilar, compartilhar e digerir.
Pequenos acontecimentos que tiraram não só a vontade de viver, como minha vaidade, orgulho, esperança, crença, amigos e até mesmo minha liberdade.
É como ter a decisão nas mãos e não poder tomá-la. Porque independente dela, vai dar errado mesmo.
Pessoas que nunca imaginei, se aproximaram. Diziam que era falta de Deus.

Curiosos também tiveram sua participação, diziam que era questão de tempo. Que devo ser paciente. Que todos passam por isso e dão a volta por cima. Que um dia vou rir de tudo isso.
Chamaram de tempestade num copo d'água, falta de atenção, drama de novela mexicana entre outras frases (típicas de quem não tem nada a dizer e fala assim mesmo).
A esperança da família era a compra de uma moto. Acreditavam que ocupando minha mente, eu finalmente encontraria as forças que preciso pra seguir adiante e me mostrar firme e "curada".
Posso garantir que nada está funcionando. Sei que não há nada que vá me trazer de volta, se eu não quiser e permitir.
Não é vitimismo e falta de perspectiva, é só desânimo e preguiça do futuro.
Sinto-me confortável na bolha que criei. Não tem alternativa A e B. Escolhi ignorar o alfabeto e suas opções maçantes.

De verdade, queria ter algo em quê acreditar. Mas... desculpem-me, estou vazia por dentro e nada por ser feito.
A moto foi investimento perdido. Assim como as roupas, sapatos, terapia e essa falsa felicidade que tenho aparentado.
Reconheço a ajuda que tenho recebido. As pessoas que ficaram do meu lado e que de toda forma querem que eu lute, porque não podem lutar mais se eu não auxiliar.
Eles estão cansados, tanto quanto eu.

Mal começou o ano e já me sinto uma tragédia. Tenho passado tanto tempo dentro do quarto... Sou parte da mobília agora. Não sobrou nada. 
 

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